Artigos > Tradução e transliteração: umas diferenças essenciais
A tradução e a transliteração são dois métodos utilizados para passar de uma língua para outra. Embora sejam por vezes confundidos, são de facto muito diferentes um do outro e são utilizados em contextos diferentes.
Comecemos pela tradução. A tradução é o processo de pegar num texto numa língua e reescrevê-lo noutra, mantendo o significado, o tom e o estilo do original. A tradução é uma arte que exige um conhecimento profundo de ambas as línguas, bem como da cultura e das nuances das pessoas que as falam. Os tradutores devem ser capazes de encontrar as palavras e expressões mais adequadas para transmitir a mensagem original na língua de chegada, respeitando as regras gramaticais e sintácticas dessa língua.
Por exemplo, se pegarmos na frase «Está a chover a cântaros» em português e a traduzirmos para francês, obtemos «Il pleut des cordes». Embora as duas frases não sejam literalmente idênticas, transmitem o mesmo significado: está a chover muito. Neste caso, o tradutor teve de encontrar uma expressão equivalente em francês para transmitir a ideia de «chover a cântaros» em português.
A transliteração é o processo de conversão de letras ou caracteres de um sistema de escrita para outro, utilizando letras ou caracteres semelhantes. A transliteração não tem em conta o significado das palavras, mas sim a sua pronúncia. É frequentemente utilizada para nomes próprios, títulos de livros ou filmes e termos técnicos.
A transliteração é particularmente útil quando os dois sistemas de escrita são muito diferentes, como é o caso do japonês e do português. Os caracteres japoneses, conhecidos como kanji, são ideogramas que representam conceitos ou objectos, enquanto as letras portuguesas são símbolos fonéticos que representam sons. Por conseguinte, a transliteração permite transcrever os sons das palavras japonesas utilizando letras portuguesas, o que facilita a leitura e a pronúncia para os lusófonos.
A palavra sushi é escrita em japonês usando dois kanji: 寿司 (ou すし em hiragana silábico). Quando transliterado para português, escreve-se «sushi», que corresponde à sua pronúncia em japonês, embora se pronuncie «sou-chee» em português. Este exemplo mostra a complexidade da transliteração: optámos por uma grafia que representa os sons do japonês em letras latinas, que não correspondem aos mesmos sons em português.
Em suma, a tradução e a transliteração são dois métodos diferentes de passar de uma língua para outra. A tradução consiste em reescrever um texto noutra língua, mantendo o seu significado, tom e estilo, enquanto a transliteração consiste em converter as letras ou caracteres de um sistema de escrita noutro sistema de escrita com base na sua pronúncia.