Artigos > As vantagens da transliteração dos registos bibliográficos
A transliteração é uma prática essencial em biblioteconomia e documentação, particularmente para registos bibliográficos de documentos escritos em caracteres não latinos. Responde a uma série de necessidades, tanto dos investigadores como do público em geral, facilitando o acesso e a pesquisa de documentos de uma variedade de culturas linguísticas. Este artigo explora os benefícios práticos que a transliteração oferece aos utilizadores de catálogos de bibliotecas, bem como a importância de a tornar sistemática para garantir a consistência e a acessibilidade da informação.
Facilitar a pesquisa e o acesso aos recursos
Uma das principais razões para transliterar registos bibliográficos é facilitar a pesquisa documental. A transliteração permite ultrapassar as dificuldades de pesquisa nos catálogos nos caracteres originais, sejam eles cirílicos, chineses ou árabes. Ao tornar os termos acessíveis em caracteres latinos, a transliteração aumenta as hipóteses de os utilizadores obterem resultados relevantes, mesmo quando não estão familiarizados com o sistema de escrita original.
A transliteração é uma ajuda preciosa para os investigadores que não falam a língua original do documento ou que a dominam pouco. Permite-lhes manipular dados bibliográficos numa língua com a qual não estão necessariamente familiarizados, sem necessidade de conhecimentos linguísticos avançados. Isto é particularmente útil para a investigação académica que envolve recursos em línguas estrangeiras, onde a transliteração proporciona uma porta de entrada direta para a informação.
Evitar a utilização de teclados especiais
Outra dificuldade encontrada pelos utilizadores é a falta de teclados específicos para certas línguas. A digitação de caracteres originais exige muitas vezes a instalação de fontes e teclados específicos, um processo complexo e pouco prático, sobretudo para utilizadores ocasionais. A transliteração contorna este constrangimento fornecendo equivalentes em caracteres latinos, permitindo uma pesquisa simplificada sem necessidade de configurações informáticas adicionais.
Esta maior acessibilidade é uma vantagem notável em bibliotecas públicas ou instituições onde os utilizadores não dispõem de configurações especializadas. Com termos transliterados, um utilizador pode facilmente introduzir os nomes dos autores, títulos ou assuntos sem ter de se preocupar com restrições tecnológicas.
Ajudar na descodificação e na pronúncia
A transliteração também ajuda a decifrar termos em línguas desconhecidas. Para um leitor não especializado, é muitas vezes difícil ler ou pronunciar palavras numa língua estrangeira, especialmente se essa língua utilizar um sistema de escrita muito diferente. Neste caso, a transliteração é uma ajuda preciosa, pois fornece uma aproximação da pronúncia de um termo estrangeiro.
Isto pode ser particularmente útil quando se investiga culturas ou conceitos que não fazem parte da área de especialização do investigador. Ao ter uma ideia da pronúncia, os investigadores podem compreender e contextualizar melhor os nomes próprios, os nomes de lugares ou os termos técnicos, evitando assim confusões devido a uma leitura aproximada.
Eliminar ambiguidades e distinguir homónimos
Em muitos sistemas de escrita, os homónimos podem existir e criar ambiguidades. Em chinês, por exemplo, vários caracteres podem ser pronunciados de forma idêntica, mas têm significados diferentes. A transliteração elimina estas ambiguidades, fornecendo uma ajuda visual ou fonética para identificar claramente as palavras que procura.
Além disso, nas línguas que utilizam grafias antigas ou “defeituosas”, como o grego antigo ou o hebraico bíblico, a transliteração pode compensar a falta de informação gráfica e facilitar a interpretação das palavras. Desta forma, a transliteração desempenha um papel fundamental para tornar compreensível e utilizável um conjunto de referências muitas vezes difíceis para o leitor não iniciado.
Identificar os recursos não textuais
Outra vantagem da transliteração é a sua capacidade de identificar recursos não textuais, como mapas, fotografias e outros documentos visuais, que são muitas vezes difíceis de identificar devido à ausência de texto. A transliteração do seu título ou metadados permite que os utilizadores localizem estes recursos nos catálogos sem terem de dominar a língua original. Por exemplo, um mapa em russo pode ser encontrado mais facilmente num catálogo graças ao seu título transliterado em caracteres latinos, mesmo que o utilizador não saiba ler cirílico.
Desta forma, a transliteração torna-se uma porta de entrada para documentos culturais, iconográficos ou históricos acessíveis a todos, mesmo aos utilizadores sem conhecimentos linguísticos específicos, alargando o leque de recursos utilizados pelo público.
Resolver problemas de leitura fonética em línguas com sinogramas
As línguas que utilizam sinogramas, como o chinês ou o japonês, colocam desafios específicos em termos de leitura e compreensão. A transliteração é particularmente vantajosa neste contexto, uma vez que permite identificar claramente nomes próprios ou eruditos, que são muitas vezes obscuros para os não especialistas. Para os investigadores que não estão familiarizados com os caracteres sinogramáticos, as transliterações oferecem uma forma eficaz de discernir nomes de lugares, conceitos-chave ou personalidades importantes, tornando a investigação mais acessível.
Facilitar a pesquisa e a indexação dos catálogos
Os termos transliterados são frequentemente melhor indexados em bases de dados bibliográficas, permitindo aos utilizadores encontrar documentos mais facilmente. Os catálogos das bibliotecas são geralmente concebidos para otimizar a pesquisa utilizando formas transliteradas, fornecendo resultados de pesquisa mais completos e precisos. Ao permitir que os utilizadores encontrem documentos utilizando palavras transliteradas, as bibliotecas estão a tornar os seus recursos mais acessíveis, independentemente do contexto linguístico dos investigadores.
Identificar referências de sistemas linguísticos heterogéneos
A transliteração permite integrar referências provenientes de uma variedade de sistemas linguísticos e de escritas. Ao normalizar os registos, proporciona uma visão global dos recursos disponíveis, facilitando o acesso a documentos que, de outro modo, permaneceriam inacessíveis aos não iniciados. Permite integrar línguas heterogéneas e apresentar o património documental mundial de uma forma mais inclusiva.
Manter a coerência dos catálogos
Tornar a transliteração facultativa nos registos bibliográficos correria o risco de criar incoerências nos catálogos. De facto, a ausência de transliteração conduziria a um aumento do número de duplicados, uma vez que cada documento poderia ser registado na sua forma original e em várias formas transliteradas. A sistematização da transliteração permite assegurar uma maior coerência dos dados, permitindo aos investigadores consultar o catálogo com maior fiabilidade. Além disso, a transliteração reduz as dificuldades de acesso dos utilizadores, uma vez que elimina a necessidade de dominar várias línguas e sistemas de escrita para obter os resultados desejados.
Conclusão
A transliteração dos registos bibliográficos continua a ser essencial para os investigadores e o público em geral. Facilita o acesso a escritas não latinas, simplifica a investigação documental e assegura uma maior coerência nos catálogos das bibliotecas. Ao disponibilizar formulários transliterados, as bibliotecas estão a responder às necessidades de um público diversificado e não especializado, abrindo caminho para uma maior acessibilidade aos recursos documentais mundiais. Esta abordagem representa um grande trunfo para a documentação, tornando o conhecimento acessível a todos, independentemente das barreiras linguísticas ou técnicas.